quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As eleições presidenciais e o petróleo


O leitor do Ouro de Tolo sabe que me interesso bastante pelo assunto "petróleo". Afinal de contas, eu trabalho na área e qualquer mudança de direcionamento no tema me afeta diariamente em meu cotidiano.

Procurei pesquisar na internet os programas de governo para o tema dos três principais candidatos a Presidente, e analisar um pouco do que issso pode representar ao futuro imediato da Petrobras. Entretanto, não há qualquer menção à empresa em nenhum dos sites de campanha, o que nos leva a fazer a análise em cima dos histórico destes últimos oito anos.

O site de campanha da candidata Dilma Roussef traz um programa de governo bastante resumido, mais focado na questão social. Entretanto, a candidata vem pregando a continuidade das políticas do governo atual, o que torna bem mais claro o quadro.

Com a capitalização da Petrobras ocorrida recentemente, aumentando a parcela do Estado na companhia, e o novo marco regulatório aprovado, em um governo Dilma Roussef certamente teremos o ouro negro visto sob a perspectiva de um bem estratégico, nacional e importante no jogo geopolítico mundial. O ambicioso e factível programa de investimentos da empresa será levado à cabo e a valorização de recursos humanos e da própria empresa também continua.

Por outro lado, as empresas multinacionais, embora com presença restrita, devem obter bons lucros na parte exploratória que lhe cabe - muitas delas ainda remanescentes de áreas licitadas sob o antigo regime de concessão. Pode-se pensar na petroleira brasileira como uma empresa de peso e influência decisivas no mercado energético mundial.

Aproveito para ressalvar que não somente a Petrobras não depende em um único centavo de dinheiro público como ainda é a maior pagadora de impostos deste país.

José Serra - o conjunto de propostas apresentado em seu site consegue ser ainda mais resumido. Minha análise é feita a partir da política para o setor no Governo FHC e à atuação dos partidos da coligação na discussão pelo Congresso Nacional do novo marco regulatório.

O Governo Fernando Henrique notabilizou-se pela quebra do monopólio estatal do petróleo, pela criação de uma agência reguladora - a ANP, francamente hostil à Petrobras - e por uma política progressiva de desmonte da estatal brasileira. Foi aprovado o regime de concessão para exploração de petróleo, onde as empresas estrangeiras possuíam condições discricionárias favoráveis.

Por outro lado, desvalorizou-se o quadro técnico da cia, a empresa foi radicalmente departamentalizada a fim de permitir uma futura privatização "em fatias" e proibiram-se durante 12 anos (entre 1990 e 2002) os concursos públicos para admissão de pessoal. Somente após uma exigência do Tribunal de Contas é que em 2002, último ano de mandato, fez-se concurso para os quadros da estatal - a terceirização havia chegado a tal ponto que haviam geólogos terceirizados diretamente em sondas de exploração à época. Isso fora outros fatos que infelizmente não posso escrever aqui.

No recente debate sobre o novo marco regulatório a atuação dos deputados e senadores do PSDB foi de defesa intransigente dos interesses das empresas estrangeiras e da redução do papel e do tamanho da Petrobras. Inclusive com assessoria de empresas americanas, sediadas em Houston.

Acredito que em um eventual Governo Serra se retome a política de FHC, com nova proibição de concursos, redução do tamanho da empresa e desvalorização salarial e profissional do quadro técnico da estatal. Retomada do modelo de concessões com preferência às empresas estrangeiras, o petróleo tratado como uma "commodity" com depleção (esgotamento) rápido das reservas e não se pode descartar a possibilidade de demissões em massa e eventual privatização.

Marina Silva - em seu site, o programa de governo da candidata faz duas rápidas referências ao setor, a meu ver contraditórias:

"j. Gestão estratégica dos recursos naturais não renováveis – O Brasil tem uma das maiores reservas de recursos minerais, petróleo e gás no planeta. Porém, esses recursos são por natureza finitos e, portanto, devem ser geridos de forma estratégica para garantir o abastecimento ao mesmo tempo que prepara o futuro independente destes.

O acesso à exploração dos recursos minerais deve ser revisto para torná-lo mais transparente e competitivo, devendo prevalecer os empreendimentos que consigam combinar os maiores valores de royalties com os melhores padrões de desempenho social e ambiental."


Ou seja, no primeiro parágrafo se coloca como um bem estratégico, mas em sequência transparece que irá retornar ao modelo de concessões e diminuir a importância da Petrobras. Sinceramente, é uma incógnita.

Por outro lado, sabe-se que a proposta de governo com "verniz ambiental" possui um certo preconceito contra a exploração de petróleo - que é perfeitamente segura se observados os procedimentos adequados. A petrobras é uma das empresas mais avançadas neste aspecto - um acidente como o do Golfo do México dificilmente ocorreria em uma plataforma brasileira.

Concluo afirmando que em termos de geopolítica, inserção internacional e política para o setor o modelo adotado nos últimos anos é o que melhor se adequa às necessidades do país. Por outro lado seria interessante que os candidatos do PSDB e do PV explicitassem suas propostas para a área, que hoje é parte importantíssima da economia brasileira e indutora de investimentos, emprego e renda.

Ressalto que esta é minha opinião pessoal e que em nenhum momento falo em nome da Petrobras ou representando a opinião da empresa.

(Foto: Visita do Presidente Lula à Refinaria Landulpho Alves. Petrobras.)

Sem Surpresas. Mais Uma Vergonha


Bom, a notícia palpitante das eleições hoje é a inacreditável interferência do candidato do PSDB José Serra na decisão do Supremo Tribunal Federal que avaliava recurso do PT sobre a exigência de dois documentos para o voto.

Segundo o jornal francamente serrista Folha de São Paulo, o candidato e o juiz Gilmar Mendes - sempre ele - falaram ao telefone por volta das catorze horas de ontem, pouco antes da sessão plenária do Tribunal. Coincidentemente o juiz pediu vistas ao processo quando o resultado já indicava sete a zero para a derrubada da exigência, o que dá a entender que houve algum tipo de combinação entre ele e o candidato a fim de impor a opinião de uma corrente política sobre a estrutura do Supremo Tribunal Federal.

A expectativa é de que o julgamento seja retomado hoje, mas havia a possibilidade de o juiz citado somente pronunciar-se na segunda feira, após as eleições - e a exigência, que interessa ao PSDB, valeria mesmo com a decisão irreversível contrária do Tribunal.

Como a candidata do PT possui em média um eleitorado menos escolarizado - beneficiado mais fortemente pelo avanço da economia - e com uma predominância esmagadora no Nordeste, o interesse é impedir a votação de parte deste eleitorado, aumentando a abstenção e, consequentemente, diminuindo a votação de Dilma Roussef - provavelmente levando o pleito para o segundo turno. Notem que houve enchentes representativas no Nordeste este ano e que o Tribunal Superior Eleitoral simplesmente deixou para divulgar a exigência em rede nacional a poucos dias das eleições.

Na prática, a idéia é restringir o voto dentro daquela antiga idéia de que "o pobre não sabe votar".

Durante a semana havia um movimento de Tribunais Regionais Eleitorais de vários estados no sentido de se revogar a resolução. Havia o temor de tumultos nas seções eleitorais devido à parca divulgação dada à exigência. Construía-se um consenso de que a medida precisaria ser melhor estudada - e talvez revelasse-se inócua devido ao recadastramento previsto para os próximos dois anos.

Entretanto, repetindo sua conduta como presidente do Tribunal, onde predominou por interferir indevidamente nas atividades do Executivo e do Legislativo - sempre com decisões a favor da corrente política representada pelo PSDB - o citado juiz tomou uma decisão no sentido de atender a interesses nem sempre republicanos.

Não custa lembrar, como já escrevi aqui outras vezes, que o citado juiz foi Advogado Geral da União do Governo Fernando Henrique Cardoso. Dedicou-se a perseguir os movimentos sociais e orgulhava-se de "ter posto os sindicatos de joelhos" quando da série de greves de 1995. Também defendeu com especial dedicação os interesses da corporatocracia, ajudando a criar uma "blindagem" a toda e qualquer denúncia de irregularidades.

Gilmar Mendes também concedeu dois habeas corpus em tempo recorde para Daniel Dantas, em episódio que já comentei algumas vezes aqui. No Supremo sua atuação vem sendo a de proteger os interesses das grandes empresas e praticar um ativismo político incompatível com a imparcialidade que se exige de um ocupante da mais alta Casa do Poder Judiciário.

A nós, o povo, resta apenas lamentar que o STF esteja sendo usado neste jogo lamacento em que tornou a campanha eleitoral. Também reforça os rumores de que pode haver algum tipo de interrupção da ordem democrática em caso de derrota de José Serra, como escrevi aqui semana passada. Um golpe de Estado à moda hondurenha, via toga, não me parece algo impossível.

E depois ainda me ameaçam de processo quando eu escrevo que o Judiciário é pior que o Legislativo. Quem fiscaliza os juízes ?


Tempo Bom não Volta Mais - II


Os comentários do post referente à promoção trouxeram algumas idéias bastante interessantes.

Reproduzo aqui, comentando, algumas excelentes considerações feitas sobre o post "Tempo Bom Não Volta Mais" e que merecem serem discutidas mais detalhadamente. Não selecionei todos mas apenas aqueles que resumiam a idéia geral.

O desenho que coloco acima é um clássico citado por dez entre dez admiradoras dos desenhos da minha geração: a historinha do Pica Pau onde a bruxa fica fazendo uma espécie de "test drive" com as vassouras até achar a sua mágica. A frase "e lá vamos nós" dita pela bruxa se tornou um aforismo de minha geração.

O curioso é que o Pica-Pau é acusado de ser politicamente incorreto e desonesto, mas a mensagem passada pelo exemplar acima é justamente a inversa: a bruxa leva a pior justamente por não querer pagar o valor referente ao conserto de seu meio de transporte movido a piaçava.

Vamos por partes:

"Como pai de uma garotinha de 8 e de um homenzinho de 7 meses, e viciado em Football Manager, não tinha como deixar de mencionar ambos.

Uma das conversas que mais tenho com minha esposa é de como a infância hoje não tem mais a mesma qualidade de quando éramos crianças. As brincadeiras, os "pode e não pode", as músicas, os desenhos na TV... Tudo isso mudou demais.

E a maior preocupação da minha parte fica justamente no término precoce da infância. Crianças de 11, 12 anos já saem por aí sozinhas em shopping centers, em turminhas, querem distância dos pais, e pra muitas já rola "pegação".

Não sei o que esperar nos próximos anos, apenas vou tentar dar o melhor exemplo possível pros meus filhos, e tratar de ter tv a cabo em casa sempre, pois desenhos clássicos como Tom & Jerry, Papaléguas & Coiote, já não se fazem como antigamente."

(Rômulo Genu Neto - Curitiba)


Eu sempre falo que uma das causas do aumento da gravidez na adolescência é justamente a erotização precoce incentivada pela televisão. Além disso, práticas propagadas pelas telenovelas possuem bastante influência neste tipo de comportamento, gerando algumas consequências bastante indesejáveis. Cabe a nós pais educar e tentar diminuir estes efeitos na formação das crianças.




Uma coisa que parece brincadeira ou preconceito, mas não o é: quando eu tinha 18 anos, era raro encontrar uma menina da mesma idade que já tivesse experiência sexual. Meninos da mesma faixa etária normalmente tinham suas experiências com profissionais ou, em fenômeno que começava àquela época, com as namoradas "firmes". "Ficar" não existia, ou era muito restrito.

Hoje a minha percepção - respaldada por dados de pesquisas - aponta para o fato de que a maior parte dos jovens de 14 e 15 anos possui vida sexual ativa. Um adolescente de 15 anos, seja de que sexo for, hoje em média possui mais experiência que um jovem de 21, 22 tinha em meus tempos. Sem dúvida alguma a televisão teve influência decisiva neste processo, bem como a mediocrização crescente da cultura de massa e outros fatores.

Também percebo um certo "modismo" por práticas homossexuais na adolescência como reflexo da erotização cada vez mais precoce da sociedade. Na visita recente que fiz a Curitiba vi vários casos, especialmente de moças, com não mais do que catorze ou quinze anos namorando tranquilamente na rua, em especial na Praça do Japão. É um exemplo mas não é muito diferente do que ocorre em outras cidades.

Não que isso seja ruim, mas devemos e podemos esperar o completo amadurecimento da orientação sexual do indivíduo. Até porque uma pessoa bem resolvida sexualmente, sem influências externas, será mais feliz e mais saudável seja qual for a orientação dada.

E a culpa é do pobre do Pica Pau...

"Sem duvidas, indo com a maioria no post "Tempo bom não volta mais".

Uma das grandes discussões que tenho em diversas comunidades por aí é justamente sobre o quanto da magia e inocência se perdeu com o passar dos anos. Éramos crianças de verdade, daquelas que brincavam de boneca e jogavam bola... que chegavam aos 13, 14 anos fazendo o mesmo. Infelizmente, hoje em dia tudo o que vemos são pequenos adultos de 8 anos, assíduos em Malhação e outras novelas, preocupados em "ficar" e outras coisas que nossos pais ensinavam que "teriamos a vida inteira para fazer".

Pobres dessas novas gerações, que jamais sentirao o gostinho da velha infancia.

Otimo post, parabéns!"

(Yannah - não indicou a cidade)


Além destes fatores apontados, o concomitante crescimento da violência urbana, a diminuição dos espaços ao ar livre disponíveis para brincadeiras e uma certa "xenofobia" (no caso, contra pobres e pretos) "guetizou" demasiadamente as crianças e as levou a estar cada vez mais trancadas em suas casas, reféns da televisão e dos videogames.

Outro aspecto é que um "amadurecimento" precoce leva a um maior consumo por parte das famílias, pois cada vez mais cedo existe uma decisão por parte das crianças sobre o que elas querem ou não usar. Por isso que sou a favor da proibição de comerciais em canais infantis.

"Infelizmente estão querendo formatar, até mesmo, a infância. Hoje não se respeita, nem mesmo, a pureza da percepção infantil, que não vê maldade e malícia em tudo. O reflexo disso serão futuros adultos que aprenderam uma bondade falsa, que pouco tem a ver com a bondade espontânea, solidária...de respeito verdadeiro aos outros. Ao se depararem com um mundo tão diferente daquele que lhe foi ensinado, esses adultos não saberão como lidar com esse mundo tão imperfeito. Talvez até, terão a convicção de que a bondade verdadeira inexiste. "

(Eduardo Bormann - Rio de Janeiro)


É a hipocrisia que eu citei no artigo original: persegue-se o "politicamente correto", mas o que se vê em média na sociedade é uma prática cada vez mais egoísta e voltada ao hedonismo pessoal e à falta de caráter. O "Maravilhoso Mundo da Barbie" ensina às crianças, apenas, que o importante é consumir e competir. Isso gera adultos extremamente egocêntricos, quase cruéis.

Ainda reclamam dos políticos, mas esquecem-se de que eles são reflexo e consequência da sociedade. Nesta semana de eleições é uma reflexão que se faz necessária.

Nessa hora que entram contrabalançando o papel dos pais e, para quem segue, uma boa formação religiosa. É imprescindível.

"O tópico do post é muito interessante e a sua análise muito válida.

Gostaria de acrescentar à discussão:

- Não estou convencido que a nova versão dos desenhos tenha por objetivo apenas excluir cenas ou atitudes politicamente incorretas. Enquanto por certo esta prática é adotada (havia um desenho em que o Tom fumava um cigarro enquanto paquerava uma gatinha branca - e eu não me tornei fumante por isso) ela não basta para justificar o teor de alteração que é realizado.

Para mim estas atualizações têm muito a ver com a onda de relançamentos de Holywood por exemplo. Eu acho que há uma falta de criativadede generalizada. É a necessidade de se produzir um novo produto porém as condições criativas do desenho original não mais estão presentes e muitas vezes não basta dinheiro para criar algo que preste.

- Segundo, enquanto ocorre essa "limpeza conceitual" dos antigos desenhos e seriados (e de canções ou outras manifestações de nossa infância) por outro lado existe um ataque frontal ao caráter meio pueril daquela época. Os desenhos novos são mais consumistas, mais "realistas", em suma mais "invocados" ou "maneiros".

Como exemplo assisti esses dias ao novo Karate Kid. Uma série de elementos no novo filme são significativos tamanha a distância que o separam do original. Para não me estender no ponto basta dizer que enquanto o chute final do filme anterior era aquela coisa meio ridícula imitando um pato manco, o atual involve uma técnica de hipnotismo aliado a um chute voador duplo carpado ao estilo Dayane dos Santos. Po**a! Fora que o guri dá uns amassos na menina e é exímio dançarino de street dancer. Ah, e é marrento do início ao fim...

Concluíndo, enquanto "tentamos proteger" nossas crianças de comportamentos indesejáveis (quais seria a classificação desses comportamentos?) por outro lado estimulamos outra série de comportamentos talvez mais perniciosos (individualismo exacerbado, falta de educação, sexisismo infantil, etc.)

Vai saber... "

(Pedro Paulo - RJ)
 

Fecho de ouro. Vemos que os desenhos não possuem muita influência na formação da personalidade da criança, perto de outros fatores muito mais fortes. Entretanto, o mundo cai na hipocrisia de sempre apontar um culpado que irá servir de "boi de piranha" para que os verdadeiros responsáveis sigam impunes. É assim na política, na economia, no time de futebol...

No fundo, é a subordinação de tudo ao que o economista e escritor John Perkins chama, apropriadamente, de "corporatocracia". Todos a serviço das grandes empresas, preocupadas em lucros a curto prazo - ainda que isso signifique infâncias perdidas, famílias arruinadas pela dívida, alimentos transgênicos e repletos de agrotóxicos nocivos...

É o mundo do dinheiro. Cabe a nós se proteger e mudar este quadro.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mr. Beer and Miss Wine: "Etiqueta: você ainda precisará dela - Parte I"


Mais uma quarta feira e mais uma edição da coluna "Mr. Beer and Miss Wine", assinada pela consultora em eventos e historiadora Thatiane Manfredi. O texto de hoje aborda a etiqueta corporativa.

"As regras de etiqueta são uma espécie de código através do qual nós informamos aos outros que somos preparados para conviver harmoniosamente no grupo. Essas regras tratam basicamente do comportamento social, e englobam desde o modo de vestir-se adequadamente às mais diversas ocasiões, até os modos de comer, de frequentar ambientes públicos e, principalmente, de como relacionar-se com as pessoas.

A Etiqueta é um fenômeno da cultura popular, cujos ingredientes são a cordialidade, a generosidade e a hospitalidade.

Mas o que é ser bem educado? Podemos resumir em quatro conceitos básicos, a saber:

1) Seguir um conjunto de regras sociais de etiqueta acordados pela sociedade em que se vive.
2) Portar-se com ética, dignidade e respeito pelo outro.
3) Agir com naturalidade e de forma adequada a cada situação
4) Vale a pena lembrar que: bom humor aliado a tudo isso é fundamental!


Esse é um assunto muito extenso, por isso seguirá uma série de post quinzenais sobre o assunto. Começaremos com a etiqueta profissional.

A importância da etiqueta no mundo corporativo requer uma identidade profissional bem consolidada, habilidades sociais treinadas e uma imagem bem projetada. Um comportamento adequado, capacidade de comunicação e inteligência emocional aliados são fatores chave de sucesso. Vale um alerta: RH recruta pela qualificação e demite pelo comportamento. O profissional deve preocupar-se com qualidade de vida, marketing pessoal, boa apresentação, ser e parecer saudável, respeito ao próximo, desempenho profissional e com a manutenção de um ambiente de trabalho saudável para que tenha a possibilidade de se destacar no mercado.

Viver com cordialidade e segurança no trato social é algo que parte de uma importante premissa: conhecer a si mesmo e a cultura do ambiente em que vivemos. Aqui vão algumas dicas para facilitar a colocação desses conceitos em práticas:

Roupas em ambiente de trabalho

Na dúvida, opte sempre pelo clássico. Cuidado com moda e modismos. Cores escuras emagrecem e passam sobriedade e segurança; cores claras engordam e passam descontração - faça uma composição que equilibre estes dois fatores. Fuja do jeans, a não ser que o ambiente permita ou que seja “casual friday”. Muito cuidado com perfume. Muito mesmo!

Mulheres: evitem decotes e transparências, cuidado com babados e rendas, nunca deixem o sutiã visível, maquiagem deve ser discreta e funcional, optem sempre que possível por sapatos fechados. Homens: prefiram ternos escuros, a meia é uma extensão da calça por isso elas devem ser da mesma cor, exceto jeans, claro. Evitem gravatas de bichinhos, de crochê ou frouxa no colarinho, evitem camisa quadriculada ou listrada e cuidado com a combinação calçado e calça.

Pontualidade

Uma regra básica que apesar de indispensável é uma das mais desrespeitadas. Para profissionais e executivos atrasar-se em um encontro ou reunião de negócios é uma atitude injustificável. Simplesmente não se pode atrasar, salvo se ocorrer uma situação absolutamente imprevisível. E, neste caso, é preciso telefonar avisando.

Cumprimentos ao entrar e ao sair de ambientes fechados, tais como elevadores

Nos elevadores, o homem sempre deve segurar a porta para a entrada da mulher. Da mesma forma que idosos têm a preferência. Qualquer pessoa que entra no elevador deve cumprimentar aqueles que já estão dentro. Em elevadores de empresas, o homem deve entrar após a mulher e permitir a passagem para que ela saia primeiro. Se estiver muito cheio e essa delicadeza representar incômodo para as pessoas, o homem deve pedir licença e sair primeiro. Se duas pessoas forem descer no mesmo andar, o homem ou a pessoa mais jovem, deve abrir a porta para que a mulher ou o mais idoso saia do elevador.

Não confunda o profissional com o informal

Cuidado para não exceder nas festas de empresa, happy hours, jantares e almoços sociais. Saiba separar as coisas. Esteja sempre atento e seja cordial com todos, somos todos iguais e merecemos respeito. Jamais chame alguém na qual você tenha alguma relação profissional de 'querido', 'meu bem' ou 'benzinho'. Conheça os costumes  e usos de cada local e preste atenção aos detalhes. Lembre-se que cada cargo ou função demanda algumas posturas e responsabilidades diferentes e nunca trate de assuntos particulares próximos a pessoas que você tenha uma relação profissional.

Essas foram as primeiras dicas para etiqueta profissional. Como o assunto é extenso continuaremos nos próximos posts com mais dicas de comportamento profissional.

Aguardo vocês e até a próxima!"

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Samba de Terça - "Eu Prometo"



Após um longo interregno, eis que temos de volta a nossa coluna "Samba de Terça". E em semana de eleições, com um tema político.

A Caprichosos de Pilares vinha de uma série de enredos críticos e satíricos desde 1982, quando a escola ganhou o então Grupo 1B - equivalente ao Grupo de Acesso A de hoje em dia - com o inesquecível desfile sobre a feira. Em 1984, 85 e 86 a escola havia abordado a política tangencialmente nos enredos sobre o comediante Chico Anísio, sobre a Saudade - que já foi tema desta série - e sobre a americanização dos costumes.

Para 1987 a agremiação de Pilares resolveu falar de política diretamente. "Eu Prometo" seria o tema, buscando expressar concomitantemente a esperança dos brasileiros com a redemocratização recentíssima, por um lado, e ironizando as eternas promessas de candidatos por outro. O tema ganharia a assinatura do já consagrado carnavalesco Luis Fernando Reis, desta vez em parceria com Wany Araújo.

De certa forma, o enredo proposto era semelhante ao apresentado pelo Império Serrano no ano anterior, "Eu Quero". Entretanto, este abordava a esperança dos brasileiros por uma vida melhor, enquanto a Caprichosos enveredou pelo lado satírico. Questionando a "práxis" política da época - e de hoje também - e as promessas irreais de políticos que asseguravam mundos e fundos e viravam as costas para o povo que os havia elegido, a escola pretendia alertar e criticar a Assembléia Constituinte que então estava em vias de se iniciar.

Depois dos desfiles dos anos anteriores, a escola de Pilares era muito aguardada naquela ocasião. O samba de Evandro Bóia, Naldo do Cavaco e Toninho 70 se tornou sucesso imediato nas rádios do país no período pré-carnavalesco, ainda mais com o fracasso do Plano Cruzado, visto como essencialmente eleitoreiro. O samba fez tanto sucesso que muita gente considera que o título do enredo é "Ajoelhou tem que rezar", verso do refrão do samba naquela ocasião.

Entretanto, a preparação do desfile sofreria percalços devido ao desentendimento ocorrido entre os carnavalescos. Luis Fernando Reis defendia que as alegorias deveriam contar o enredo, enquanto seu assistente, que havia sido auxiliar de Joãozinho Trinta na Beija Flor advogava que os carros serviriam como "escada" para mulheres bonitas, de pouca roupa, exibindo-se para a platéia. Tal desavença prejudicaria demais a preparação da escola.

A Caprichosos foi a quarta escola a pisar no Sambódromo no domingo de carnaval, 01 de março de 1987. Embora muito aguardada pelo público, a escola fez um desfile bem aquém em termos plásticos do que se esperava, o que acabou refletindo na abertura dos envelopes dos jurados com apenas a décima segunda colocação, alcançando 196 pontos. Ressalto que este é um dos resultados mais questionados e polêmicos da história recente dos desfiles, onde a minha avaliação pessoal é que  o título conquistado pela Mangueira foi, no mínimo, uma aberração.

O certo é que Luis Fernando Reis se afastou da escola após este carnaval, retornando apenas para os carnavais de 1993 (outro bastante polêmico) e 1994. A Caprichosos abandonaria progressivamente a linha de enredos críticos que se tornara sua marca, tornando-se uma imagem desbotada na parede. Houve espasmos em 1989, 93 e 2005 - esta última contei aqui - com tentativas de retomar esta linha de sucesso, mas logo abandonadas.

Para 2011 a agremiação do subúrbio volta a buscar esta linha com o enredo "Gente Humilde", baseado na canção de mesmo nome e que contará a vida do morador do subúrbio. Torço para que a escola se reencontre com a sua linha e o seu sucesso.

Em tempo, 1987 também marca, como os leitores podem ver no vídeo acima, a estréia de Luma de Oliveira como madrinha de bateria da escola.

Abaixo disponibilizo a letra do samba e o áudio oficial do disco daquele ano - ainda em "long play". Notem que descontando-se as referências ao Plano Cruzado e à Constituinte como é atual o samba, 24 anos depois. O excesso de promessas dos políticos e a própria prática da atividade parlamentar se modificaram muito pouco nestes anos. Contudo, não podemos considerá-los como algo apartado da sociedade. Eles são reflexo - afinal de contas, nosso voto é que os colocou lá, como já escrevi em outras ocasiões. Pense nisso.

Finalizando, não posso deixar de lamentar o fato dos enredos críticos, irreverentes e "subversivos" terem sido praticamente banidos do carnaval carioca, em nome de um duvidoso comportamento politicamente correto, por um lado, e a busca incessante de patrocínios, por outro. Mas esta é outra história.

Ajoelhou, tem que rezar...




"Estou cansado de ser enganado
Papo furado é demagogia
Não vão encher (o quê ?)
A minha barriga vazia
Espero da constituinte
Em minha mesa muito pão
Uma poupança cheia de cruzados
E um carnaval com muita paz no coração

Vou deitar, rolar
Pular feliz
Essa é a vida
Que eu sempre quis


Vamos, meu povo
Democracia é participar
Vote, cante, grite
É tempo de mudar
Quem vive de promessa é Santo
E eu não sou santo, meu senhor
Seu deputado, eu votei
E agora posso exigir
Quero ver você cumprir
Seu lero lero, blá, blá, blá
Conversa mole isso aí
É papo pra boi dormir

Ajoelhou, tem que rezar
Não quero mais viver de ilusão
Você prometeu
Agora vai ter que pagar
Não vai me deixar na mão"



Bissexta: Reforma Política para Inglês Ver



Sei que hoje é terça feira, mas excepcionalmente temos uma edição da coluna "Bissexta", do advogado Walter Monteiro. A coluna deveria ter sido publicada no último domingo, mas fiquei sem internet o final de semana inteiro devido a (mais uma) falha da Net.

O tema da coluna de hoje é a Reforma Política. Nesta semana de eleições, teremos um maior número de posts sobre política - inclusive a coluna "Samba de Terça" de hoje também abordará o tema.

Vamos ao texto:

"Reforma Política para Inglês Ver

Prometo que não falarei diretamente das eleições, mas o momento convida a uma reflexão sobre o ambiente político. Na enxurrada de temas que cada candidato é obrigado a discutir, um em especial me chamou atenção, porque é mais uma das ilusões recorrentes que merece ser de pronto demolida, para que viremos essa página e passemos a tratar de assuntos mais relevantes. 

Falo, obviamente, da reforma política, como o título já revelou. A cada dois anos entre o mês de agosto e outubro o país toca a discutir freneticamente a fragilidade do nosso modelo politico e qualquer candidato ou palpiteiro do ramo repete o mantra de que precisamos empreender uma “reforma política”, sem deixar muito claro do que se trata; mas sempre lembrando que é só isso que falta para nossas instituições entrarem nos trilhos. Contados os votos, todo mundo já pode voltar a falar da reforma tributária, campeã absoluta de audiência entre os crentes de que basta uma mexidinha básica na legislação para nos levar até Wonderland.

De vez em quando alguém saca uma idéia luminosa para contribuir ao debate. Uma delas, advinda de uma das 3 candidaturas presidenciais favoritas e muito apreciada entre a camada dos bens pensantes, sugere a implantação de uma constituinte exclusiva para fazer a reforma política, já que o Congresso Nacional tem “interesses”que viciariam o processo e impediriam que ele avançasse.

Em palavras mais diretas, a proposta quer dizer o seguinte: não contem com esses parlamentares mal intencionados, eles só pensam em si mesmo e não vão fazer nada para mudar o estado atual das coisas, que só lhes traz benefícios. Vamos eleger sangue novo para cuidar desse assunto, porque, descompromissados com a própria reeleição, eles só farão coisas boas.

É de estarrecer que gente do meio político que foi tão longe nessa carreira ainda possa ser ingênua a esse ponto. Digamos que essa proposta, em um lance de generosidade dos congressistas, fosse miraculosamente aprovada (sim, porque sem ruptura institucional como um golpe de estado ou uma revolução, a tal constituinte exclusiva precisaria ser aprovada pelo Congresso). Quem se candidataria à constituinte?

Resposta óbvia: outros políticos, que não foram eleitos para o Congresso. Seria, vamos dizer assim, uma espécie de repescagem, para a turma que ficou de fora na primeira chamada. Teoricamente, gente menos qualificada, com menos potencial eleitoral, menos representatividade. 

Ainda assim, vamos em frente. E por que raios essa 2a Divisão da política nacional é mais pura e menos interesseira do que a turma do Congresso? Quem bota a mão no fogo que as propostas a serem aprovadas pelos exclusivos constituintes não serão destinadas a protegê-los em eleições futuras? É muita crença na bondade humana! 

Eu, daqui do meu cantinho, também tenho uma pequena lista de sugestões para uma reforma política que honre esse nome: 

· fim do horário eleitoral gratuito e imposição de teto de gastos com campanha, para reduzir drasticamente o seu custo, código-fonte da corrupção (o Brasil deve ser o país com as campanhas eleitorais mais caras do planeta); 

· cláusula de barreira para existência de partidos políticos;

. Além da limitação de gastos por campanha, imposição do financiamento público, proibindo-se a captação de recursos por particulares.

· autorização para apresentação de candidaturas independentes, fora dos partidos; 

· proibição de remuneração para vereadores; 

· aumento (sim, aumento) da remuneração dos congressistas, em troca da extinção de todas as verbas de “representação”, inclusive passagens aéreas e hospedagem em Brasília (cada um que se vire com o belo salário que passar a receber); 

· limitação de 5 assessores por gabinete, todos eles nomeados diretamente pelo parlamentar; 

Como eu sou rodado o suficiente para saber que, da extrema-direita à extrema-esquerda há uma unanimidade na rejeição dessas propostas, sigo aqui quietinho, fazendo a minha parte de aceitar a realidade política em que vivo e procurar votar em candidatos razoavelmente bem intencionados, mas humanos, capazes de não se envergonharem de seus defeitos e não saírem por aí dando uma de Alice. Devo ser um imbecil, por acreditar que pequenas mudanças, porém exequíveis, agregam muito mais valor do que sonhos irrealizáveis."


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Resultado da Promoção - Camisa Autografada do Flamengo


Bom, chegou a hora de sabermos que será o feliz ganhador, ou ganhadora, que levará para casa uma camisa autografada do Mais Querido do Brasil.

Antes de mais nada queria agradecer aos 68 participantes, de longe a maior participação em uma promoção do Ouro de Tolo. A participante "Yannah" foi eliminada por não ter fornecido nenhum dos dados solicitados.

As cidades com maior número de participantes foram o Rio de Janeiro, com dezessete concorrentes, seguido por Brasília com dez e Porto Alegre com cinco. Tivemos participantes de trinta e uma cidades, inclusive algumas das quais não sabia de sua existência como Timón (Maranhão) e Sacramento (Minas Gerais).

O post mais indicado foi "Tempo Bom Não Volta Mais", com vinte e três indicações. Acredito que o fato de ser um texto recente, acrescentado de ser um tema que mexe com as lembranças dos leitores tenha contribuído para tal. Tivemos várias excelentes contribuições, as quais serão objeto de dois posts próximos, um sobre o post "vencedor" e outro com um resumo das opiniões. Lembro, também, que todos os posts possuem aberta a sua área de comentários, de maneira que a contribuição de você, leitor, é sempre bem vinda.

Sobre a mecânica do sorteio: utilizei-me da ferramenta web "Sorteios.PT", que é simples, rápida e que não permite direcionamentos. Como verão nas telas capturadas abaixo, na primeira tela colocam-se os participantes e quantos prêmios serão sorteados e, na tela seguinte, ele te dá o resultado. É muito interessante.

Antes de divulgar  o nome do sortudo(a), queria agradecer a Alexandre Souteiro (FlamengoNet), Warley Moerbeck (FlaEternamente) e Arthur Muhlemberg (Urublog) por terem divulgado a promoção; e a Sérgio Merçon pela parceria. Se você não foi o vencedor basta um e-mail para ele que se consegue adquirir uma camisa igual à sorteada por um preço justo.

A propósito, no início de novembro devo sortear uma segunda camisa autografada. Também estou negociando uma parceria para fazermos uma grande promoção de livros no último mês do ano.

Bom, chega de perorações. A vencedora da camisa autografada foi Letícia Ábrego, de Brasília.

Estarei enviando um e-mail com as instruções para o recebimento do prêmio, mas a ganhadora tem três dias para se manifestar. Ela também deverá enviar uma foto com a camisa, para que possamos colocá-la aqui e atestar a entrega do prêmio.

Parabéns à vencedora e obrigado a todos os participantes ! Espero tê-los sempre como leitores e comentaristas.


O fim dos Barbeiros


Era para ter escrito isso na semana passada, mas os afazeres não me permitiram que o fizesse.

O leitor mais atento do blog deve ter percebido que mudei o visual durante este ano. Abandonei a barba que cultivava há sete anos e optei por manter a "cara limpa", como se diz. Depois que raspei a barba venho mantendo-a lisa, mas às vezes deixo crescer cinco, seis dias - particularmente acho um porre ter de fazer a barba todos os dias.

Comprei até uma máquina daquelas de cabelo para auxiliar no processo, mas ainda assim preciso vencer a inércia. É algo muito chato.

Sábado retrasado fui comprar algumas coisas de que necessitava para minha casa e deparei-me com um destes salões de cabeleireiro "unissex" que grassam por aí. Dei sorte: havia quem cortasse meu cabelo e raspasse a barba. Nem sempre neste tipo de estabelecimento há profissionais que façam serviços direcionados ao público masculino, pois o foco é direcionado às mulheres - que, sejamos justos, é uma escolha mais racional pela quantidade de serviços e consequentemente lucros gerados por tal público.

Normalmente, quando há este tipo de profissional voltado aos serviços masculinos na verdade é um cabelereiro "comum" que "quebra um galho" e faz corte masculino. O salão ao lado do trabalho ao qual recorro em emergências é um caso clássico disso que descrevo.

Qual não foi minha surpresa ao ver um senhorzinho, já entrado em anos, para me atender. Pedi que passasse a máquina em meu cabelo, o que ele fez meio a contragosto - fazendo questão de usar a tesoura para fazer  um acabamento esmerado no corte. Até brinquei com ele que ele não devia utilizar muito a máquina.

Mas o surpreendente, então, foi verificar que a barba seria feita "à moda antiga". Rosto todo preenchido com espuma de barbear - e não estes cremes hidratantes que muitos lugares se utilizam, navalha devidamente utilizada e todo aquele ritual à moda de Noel Rosa e outros malandros e trabalhadores históricos.

Eu tenho o hábito de sempre bater papo com o cabeleireiro ou barbeiro que me atende. No outro estabelecimento que frequento na Ilha do Governador sembre conversava com os dois profisisonais que me atendiam.

Então fiquei sabendo que o barbeiro é uma profissão em extinção. O senhorzinho, do alto de seus 74 anos de idade, me explicou que não há mais interesse em ensinar o ofício aos mais jovens devido ao alto grau de especialização, ao predomínio dos salões "unissex" e devido à perda do hábito dos homens de fazerem a barba fora de casa.

O primeiro motivo é fácil de explicar. Eu paguei R$ 20 pela barba, um valor mais alto que outros locais, onde normalmente cobra-se R$ 15. Mas ao se comparar com o valor do corte - R$ 25 - percebe-se que o retorno é maior, e muitas vezes com um "homem-hora trabalhada" idêntico ou superior. Ao compararmos com um corte ou uma hidratação feminina, que chegam a custar cem, duzentos reais, fica claro o preço relativo inferior da barba para um dado tempo de trabalho.

A segunda razão é reflexo da "generalização" a que assistimos em todos os campos da vida corporativa. É mais valorizado pelo mercado um profissional que faça cabelo, barba, cabelo feminino, escova, "megahair", hidratação, massagem e outros badulaques associados. Então faz-se o básico, quando se oferece este serviço - a maioria dos salões denominados "unissex" não o faz. Tendo profissionais polivalentes a clientela espera menos e fica mais satisfeita, de acordo com os manuais 'modernos' de administração.

Finalizando, as restrições orçamentárias das famílias e o cada vez menor tempo livre disponível levaram os homens a preferirem fazer a barba em casa - é mais barato e mais rápido, embora sem a mesma qualidade. Com isso, a demanda pelo serviço diminui. 

Noto, porém, que com a melhora da economia o mercado para os barbeiros melhorou um pouco nos últimos três, quatro anos - minha percepção quando vou aos estabelecimentos é de que há mais gente procurando o serviço.

Resumindo, o quadro é que cada vez menos homens aprendem a arte da barbearia. Estabelecimentos como o da foto ilustrativa deste post são bem raros - na Ilha do Governador, onde moro, praticamente inexistem.

Ainda há outra questão que o veterano profissional comentou, que é a obrigatoriedade do uso de lâminas descartáveis nas navalhas. Isto é lei por causa do perigo de contágio do vírus HIV, mas a explicação dele é de que há perda de qualidade no serviço, porque a lâmina sempre afiada proporciona um corte mais rente. 

Como não cheguei a pegar o tempo das navalhas típicas, não posso concordar ou discordar da afirmação - mas levando-se em conta que só trabalhando na Ilha ele tem uma década a mais que eu tenho de vida (ele começou em 1965) e que tem 57 anos de experiência, ele deve estar com a razão. Obviamente, o motivo de saúde pública é nobre.

Curioso é que os dois profissionais que ele indicou como bons na área são justamente os que citei mais acima.

Penso que esta possível extinção dos barbeiros é reflexo de um mundo especialmente mais "genérico", mais "fast-food" e menos especializado. As tradições são muitas vezes abandonadas em nome de duvidosas modernidades. Claro que o progresso é necessário, mas é muito preocupante quando se extinguem coisas que poderiam perfeitamente ser mantidas, ainda que transformadas.

Em tempo: o serviço ficou muito bom. Tenho uma pele sensível e irritadiça, e saí sem um único corte e com o rosto bem mais liso que em outras ocasiões. Pena que o meu sobrinho com meses de vida - não tenho filhos homens - muito provavelmente não terá o prazer de ter uma barba tão bem feita.

Como os dinossauros, os barbeiros estarão extintos.

Uma pena.

P.S. - Em tempo, hoje é dia de São Cosme e São Damião, e de outra tradição que vem se perdendo: a corrida atrás de doces. Escrevi sobre o tema ano passado, e pode ser lido aqui.


domingo, 26 de setembro de 2010

O rufar da caixa portelense



Hoje, um domingo diferente.

Peço ao jornalista e amigo Marcelo Sudoh, lá de Tóquio, amigo, estudioso e grande conhecedor das baterias de escolas de samba, que trouxesse para o leitor um tema que debatemos na nossa lista de e-mails da PortelaWeb, o qual gere o site referência na escola do mesmo nome - do qual faço parte da equipe, embora um tanto quanto inativo.

O tema era a alteração da forma de tocar das caixas portelenses, que é magistralmente explicada no artigo. Apenas digo aos leitores que no ano em que desfilei na "Tabajara do Samba" (2004), sob outro mestre, muitos caixeiros trouxeram o instrumento nesta forma incorreta.

No vídeo acima, gravado por mim em janeiro deste ano, pode-se ver o trabalho do Mestre de Bateria portelense descrito no texto, de resgatar as tradições azuis e brancas.

Mas deixemos a explicação para o craque no assunto:

"O rufar da caixa portelense

Uma troca de e-mails na lista de debates da PortelaWEB sobre caixas-de-guerra chamou a atenção do autor do Ouro de Tolo, que me pediu para escrever um artigo sobre o tema.

Lá, eu chamava a atenção para uma foto de O Globo Online (2007) onde um ritmista da bateria da Portela toca uma caixa-de-guerra apoiando-a com o braço e contra o peito, sem precisar usar o talabarte (cinto que permite pendurar o instrumento ao ombro). Essa forma de tocar exige o uso de uma baqueta curta na mão esquerda que praticamente não produz volume de som. Apenas marca a cadência e o tempo da batida.

O som produzido não é a batida tradicional da Portrela e o ritmista não deveria estar tocando daquela forma. Daí a troca de em-mails na lista da PortelaWEB.

No livro "Baterias, o coração da escola de samba" (Litteris Editora, 2010), o autor, Julio Cesar Farias, aproveitou parte dos estudos que fiz sobre a caixa-de-guerra e o tarol preenchendo quatro páginas da obra com o tema. Nesse estudo, tento mostrar como esses dois instrumentos - que não são africanos - chegaram às escolas de samba. Não vou repetir aqui o que está detalhadamente explicado no livro. Mas o que parece ter levado o autor deste blog a me pedir para escrever este artigo talvez tenha sido a descrição do que acontece quando o ritmista toca um tarol usando talabarte.

Os taróis são mais finos que as caixas-de-guerra e, ao pendurá-los com o talabarte longo no ombro, eles dançam com o impacto da batida prejudicando a precisão do toque e comendo o corpo da baqueta. Além disso, o tarol usado com o talabarte longo fica de pé com a pele que se bate virada para a frente (quando o correto seria meio inclinado para cima) e a pele de trás colada ao corpo, abafando seu som. É impossível tirar um som perfeito do instrumento nessa situação.

Para resolver esse problema, os ritmistas passaram a tocar o tarol abraçado ao peito ou com um talabarte bem curto que faz com que a pele de trás do instrumento fique apontada por baixo do braço, resolvendo o abafamento.

Na década de 70, essa forma de tocar acabou sendo usada também para as caixas-de-guerra, onde se passou a usar uma mistura de toque de caixa (rufado) com toque de tarol (espalmado e sem rufo). Foi assim que as caixas passaram a ser tocadas em cima substituindo os taróis.

Não é uma regra seguida fielmente por todos, mas caixas rufadas são tocadas embaixo com o uso do talabarte longo e caixas não rufadas - ou ainda com toque de tarol - são usadas em cima com talabarte curto ou enlaçadas pelo braço apoiando o instrumento no peito (como na foto do portelense citada acima).

No entanto, os taróis ainda estão presentes em escolas como o Salgueiro e a Vila Isabel - dentre outras - , mas são instrumentos adaptados ao uso das escolas de samba e não os originais usados pelas bandas marciais que tinham esteiras em vez de bordões.

Da mesma forma, as antigas caixas-de-guerra - usadas em bandas marciais e outras manifestações folclóricas brasileiras como banda de pífanos, folia de reis e maracatus (onde a chamam de caixa de pelica) - também passaram por modificações para se adaptarem ao desfile das escolas.

Um fato importante a se ressaltar é que o toque da caixa (e de tarol) sem rufo permite aumentar a velocidade da batida, puxando o andamento da bateria para frente. E as caixas tocadas dessa forma começaram a aparecer justamente na década de 70, quando um maior andamento das baterias foi exigido devido ao tempo de desfile que passou a ser contado e a tirar pontos.

As caixas rufadas não desaparecerem, continuam vivas na Portela, na Mangueira e no Império - só para citar as três mais tradicionais. No entanto sua rufada "também se modificou", para que a escola não precisasse mudar totalmente essa característica em função da cronometragem.

Hoje, a caixa que se bate na Portela é o toque mais próximo do original e que serve as exigências do andamento do desfile. Essa mudança, que procurou preservar parte da identidade em meio as pressões do "show bussiness parade", foi trabalho de Mestre Marçal, que exigia que as caixas fossem batidas embaixo e com a rufada característica das escola. Mestre Nilo Sergio vem trabalhando para isso para a alegria de Oxóssi!"

P.S. - Aida dá tempo de participar do sorteio da camisa, até amanhã no final da manhã o leitor pode fazer a sua  inscrição. Basta seguir as instruções no post da última sexta feira.


sábado, 25 de setembro de 2010

Sobretudo


Mais um sábado, e mais uma edição da coluna "Sobretudo", assinada pelo publicitário Affonso Romero. O tema de hoje é uma argumentação insofismável a favor do Programa Bolsa Família, que funciona como um notável indutor de crescimento e de formação de uma mercado interno brasileiro, além de copiado por diversos outros países.

Faço um adendo ao indispensável texto: para ser beneficiário do programa, é necessário que os filhos estejam matriculados na escola. Ou seja, "dá o peixe", mas ensina a pescar. Também aproveito para fazer uma elegia à memória do professor Antonio Maria da Silveira, criador do programa "Renda Mínima", depois encampado pelo Senador Eduardo Suplicy; que pode ser encarado como a origem do Bolsa Família.

"Capital de Giro e a importância do Bolsa Família

Há poucos dias, recebi da minha esposa um desses emails interessantes que circulam por aí. É uma redução meio simplória do fenômeno econômico, mas eu achei engraçada e ilustrativa. Fala sobre o que seria "capital de giro". Reproduzo abaixo:

'Mês de agosto, às margens do Mar Negro. Chovia muito e o vilarejo estava totalmente abandonado. Eram tempos muito difíceis e todos tinham dívidas e viviam de empréstimos.

De repente, chega ao vilarejo um turista muito rico. Entra no único hotel do vilarejo, coloca sobre o balcão uma nota de 100 euros e sobe as escadas para escolher um quarto. O dono do hotel pega os 100 euros e corre para pagar sua dívida com o açougueiro. O açougueiro pega o dinheiro e corre para pagar o criador de gado. O criador pega o dinheiro e corre para pagar a prostituta do vilarejo, que por conta da crise, trabalhou fiado. A prostituta corre para o hotel e paga o dono pelo quarto que alugou para atender seus clientes.

Nesse instante, o turista desce as escadas após examinar os quartos, pega o dinheiro de volta, diz que não gostou de nenhum dos quartos e abandona o vilarejo. Ninguém lucrou absolutamente nada, mas toda a aldeia vive hoje sem dívidas, otimista por um futuro melhor.'


Minha esposa tem milhões de qualidades, além de ser a mulher que eu amo. Mas nada é perfeito, e ela também é uma tucana de plumagem discreta, mas tucana. O email me motivou a enviá-la uma resposta, que também divido com o amigo leitor. É a razão da coluna de hoje:

"Este é um belo exemplo do que acontece nas cidadezinhas do interior do Nordeste (por exemplo) quando chega o carro-forte com o dinheiro da bolsa-família.

Numa comunidade carente, quando se injeta uma quantia mínima de dinheiro, a economia local recomeça a rodar. Isso cria um ciclo virtuoso centenas de vezes maior do que o dinheiro aplicado inicialmente, principalmente porque devolve autoestima àquela comunidade.

Por exemplo, um pequeno comerciante do interior (ou do bairro de periferia, ou da favela) prospera em seu negócio a partir da bolsa-família-dos-outros, porque passa a ter consumidores, ainda que de serviços e produtos os mais básicos. Ele cresce e passa a dar mais empregos, investe no mobiliário da loja. Isso incrementa os negócios do marceneiro, que compra uma serra nova. Isso incrementa os negócios de uma indústria em outro Estado, que vende mais serras (serra com letra minúscula, bem entendido) e pode construir um novo galpão. A obra dará lucro a uma empreiteira média, isso gerará empregos e a empreiteira terá que contratar um advogado e um contador.

O mercado para profissionais liberais cresce, demandando novas vagas em universidades, interessadas em aproveitar este ciclo econômico formando mais profissionais. Os professores têm mais empregos, salários maiores e passam a pagar mais impostos, porque mudaram de faixa no Imposto de Renda. Estes impostos possibilitam a oferta de mais bolsas-família. E o ciclo aumenta enquanto o nível de formação e empregabilidade real crescem também.

Nenhuma dessas pessoas citadas foi beneficiária direta do bolsa-família, mas "dar dinheiro público a meia dúzia de vagabundos" foi um dos fatores que mais fortemente contribuíram para o Brasil ter colocado 20 milhões de novas pessoas na classe média enquanto o resto do mundo queimava bilhões para salvar seus bancos e financeiras. E foi esta nova classe média que nos salvou da crise mundial de 2008.

Como assim, os beneficiários diretos do bolsa-família viraram classe média? Não, mas muitos não-beneficiários conseguiram empregos, estudo e promoções por conta do ciclo virtuoso iniciado nos programas sociais.

Sabe o que isso tem de socialista? Nada. Esta foi a forma pela qual os Estados Unidos saíram do buraco da grande recessão que se seguiu à Crise da Bolsa de 1929, as bases da política do New Deal.

Havia um outro caminho, o da injeção do dinheiro público na economia através de grandes empresas e projetos. Era (e ainda é, em alguns casos) o bolsa-multinacional, o bolsa-projeto-megalômano, o bolsa-banco-quebrado, o bolsa-empresa-fantasma, o bolsa-férias-na-Europa. Por exemplo, o FAT (Fundo de Apoio ao Trabalhador) é um programa iniciado pelo então Ministro José Serra e divulgado no Programa Eleitoral dele. Atrás de uma boa intenção de criar um fundo de investimentos para projetos geradores de emprego, confisca dinheiro da massa de salários e financia, entre outras coisas, indústrias de capital massivo, automatizadas, que implicam em baixa relação de utilização de mão de obra por capital aplicado. Ou seja, o Fundo do Trabalhador é investido em automação, sob o bom argumento de que grandes parques industriais automatizados têm maior rendimento econômico, não é o máximo? Enquanto isso, o desemprego estrutural se multiplica.

A forma alternativa é quebrar este bola de investimento financiando pequenos projetos locais, iniciativas comunitárias, pequenos agricultores, reaparelhamento e capital de giro para o pequeno comércio. Isso gera poucos empregos para cada projeto, mas pode gerar milhões de projetos e, portanto, gerar milhões de novos empregos.

É mais fácil, vistoso e impactante para os governos mostrar investimentos em mega-projetos, como uma fábrica de automóveis, ou uma usina siderúrgica. Numa só tacada, 1000 ou 2000 empregos diretos, mais os milhares de indiretos. Dá mais trabalho analisar e liberar dinheiro para 2000 projetos, cada um gerando um único emprego. Só que o custo final é bem menor.

Mais fácil ainda colocar dinheiro na ponta final do consumo porque, sem necessidade de acompanhamento e medição, sem ter que pagar salário a centenas de advocados e tecnocratas, se coloca a economia para rodar da mesmíssima forma.

Dá a estranha sensação na classe média já estabelecida e nos ricos (se bem que rico não paga imposto no Brasil) de que o seu dinheirinho confiscado na imensa carga tributária brasileira é colocado de graça no colinho de umas pessoas que não tiveram compromisso com o estudo e o trabalho, que mesmo assim fizeram dezenas de filhos e que isso é simplesmente injusto. Pode-se discutir se é injusto ou não (e eu acho que não é), mas não se pode discutir a eficácia econômica disso. A economia está num ciclo vurtuoso que ocorre "de baixo para cima" nos estratos sociais, e isso se inicia com programas de transferência de renda, exatamente como no New Deal americano.

Mas se a sensação de injustiça e estranhamento permanece, lembra-se de que o confisco que é a carga tributária brasileira não se iniciou para subsidiar programas sociais. Historicamente, o imposto no Brasil financia a própria máquina pública, além de projetos megalômanos e bancos falidos.

Particularmente, eu prefiro ver o dinheiro do meu imposto nas mãos de quem "vai gastar tudo em cachaça", porque esta cachaça é nacional, o lucro da cachaça vai gerar empregos num alambique nacional, vai ser comprada na vendinha da esquina que no máximo pertence a um português, mas um português que mora aqui e vai gastar aqui. Melhor assim do que o mesmo dinheiro ser usado para salvar o banco de um banquiro que já provou que não sabe administrar o seu próprio negócio e que, uma vez que sua empresa esteja recuperada, vai vender tudo para um banco transnacional e gastar o lucro da operação tomando champgne francês num cassino em Monte Carlo.

No fundo, no fundo, eleição é isso: muita baixaria para o dinheiro do nosso imposto ser disputado entre programas sociais e banqueiros falidos."


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Final de Semana - "Black"



Mais uma sexta feira, mais um final de semana e a música de hoje é de um grupo do qual gosto, mas não conheço profundamente a sua música: Pearl Jam.

A música é "Black", que tem muito a ver com o meu momento atual, não pela história de amor, mas pelo estado de espírito em que estou. Ando em um mau humor tão grande que nem eu mesmo estou me suportando.

Abaixo, a letra da canção e uma tradução aproximada, que confesso não ter tido tempo de verificar sua acurácia. Peço aos leitores que detectarem a necessidade de alguma correção o favor de avisarem-me na área de comentários.

Apesar de tudo, bom final de semana. Em tempo, o post com a promoção da camisa rubro-negra está imediatamente abaixo.

Black

"Hey...oooh...

Sheets of empty canvas,
Untouched sheets of clay...
Were laid spread out before me
As her body once did.

Oh all five horizons
Revolved around her soul
As the earth to the sun

Now the air I tasted and breathed

Has taken a turn
Oh and all I taught her was everything
Oh I know she gave me all that she wore
And now my bitter hands
Shake beneath the clouds
Of what was everything?

All the pictures have
All been washed in black,

Tattooed everything

I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter so why do I sear?

Oh and twisted thoughts that spin 'round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning

How quick the sun can drop away

And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything?
All the pictures have, all been washed in black, tattooed everything...

All the love gone bad
Turned my world to black

Tattooed all I see, all that I am, all I'll be...yeah...

I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a star,
In somebody else's sky,
But why, why, why
Can't it be, oh can't it be mine?"

Tradução:

"Lençóis de tela de pintura vazia
intocaveis lençóis de lama
Estavam espalhadas diante de mim
como um dia o corpo dela esteve
Todos os cinco horizontes
girando ao redor de sua alma
Como a terra ao redor do sol
Agora o ar que eu provei e respirei
se transformou
E o que eu ensinei a ela era ... tudo
Eu sei que ela me deu tudo que ela usou
E agora minhas mãos machucadas
esfregam-se debaixo do céu
do que era tudo...
Todas as fotos foram
pintadas de preto
marcando tudo...

Eu dou um passeio lá fora
Eu sou cercado por algumas crianças que brincam
Eu posso sentir suas risadas
então por que eu me entristeço?
Eu estou sendo retorcido pelos pensamentos que giram
minha cabeça
Eu estou girando, eu estou girando
tão rápido quanto um pôr-do-sol
E agora minhas mãos machucadas
seguram vidros quebrados
do que era tudo...
Todas as fotos foram
pintadas de preto
marcando tudo...
Todo amor virou mal
levou meu mundo pro escuro
Escurecendo tudo que eu vejo
tudo que eu sou...
tudo que eu poderia ser...

Eu sei que um dia você terá uma vida maravilhosa
Eu sei que você será uma estrela
No céu de outra pessoa
Mas por que... Por que ...
Por que não poderia, por que não poderia ser no meu..."


Promoção: Camisa Autografada do Flamengo


Quem me acompanha no Twitter sabe que há algum tempo venho prometendo fazer uma promoção envolvendo uma camisa de jogo autografada do Flamengo. Pois bem, chegou a hora.

A camisa acima é um exemplar preparado para jogo - embora não tenha chegado a ser utilizada - e é uma parceria do blog com o amigo Sérgio Merçon, que de vez em quando descola umas raridades destas para mim - como escrevi há uns posts atrás. Ela tem o tamanho G, ligeiramente maior que o vendido em lojas, o número 17 e, obviamente, o nome Fernando.

O uniforme tem os seguintes autógrafos: Zico, Jean, Marcelo Lomba, Maldonado, Willians, Fierro, Diogo, Lenon, Vinícius Pacheco, Correa, Rafael Galhardo, Wellinton, Fernando, Kleberson, Deivid, Diego Maurício e Val Baiano.

Para participar da promoção é simples: basta deixar uma mensagem na área de comentários deste post com nome e sobrenome (não vale apelido), cidade, e-mail e indicar um post do Ouro de Tolo que tenha interessado ao leitor.

O sorteio será feito levando-se em conta os posts indicados e divulgarei o resultado aqui mesmo na segunda feira. Se o ganhador for do Rio de Janeiro ou Niterói solicitarei que retire o prêmio comigo. Caso seja de fora do Rio de Janeiro, enviarei pelo correio.

Não podem participar da promoção meus parentes, ganhadores de promoções anteriores e colunistas deste Ouro de Tolo.

Caso você não seja o vencedor, há a opção de adquirir uma camisa utilizada em jogo, a um preço pouco acima do encontrado em lojas, e muitas  vezes raridades não encontradas nos pontos de venda de material do clube. Basta clicar aqui e enviar um e-mail para o Sérgio, nosso parceiro nesta promoção, e ele saberá atender ao desejo de ter uma camisa, certamente, exclusiva. O cara é fera, honesto e eu recomendo.

Boa sorte !


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Golpe Possível


Os (poucos) leitores que acompanham o Ouro de Tolo desde o seu nascimento sabem que há mais de um ano venho alertando para a possibilidade de uma ruptura na ordem democrática brasileira, desde o golpe em Honduras - que manteve características similares às que observamos hoje. Em abril, quando do aniversário do Golpe de 1964 também alertei para para o momento político brasileiro e voltaria ao tema no final de maio. À época, fui chamado de maluco por muitos.

Escrevi em especial naquele texto de maio que via manifestações, em especial vindas do Judiciário, de que "Dilma Roussef teria problemas" caso vencesse as eleições, entre outras coisas. Também analisava as forças políticas atuantes e esboçava opiniões sobre o empresariado e as Forças Armadas.

A elite histórica que governou o país durante quinhentos anos, e a imprensa representativa de seus interesses não percebeu que a mudança econômica neste país, nos últimos oito anos, foi avassaladora. O país criou empregos, cresceu economicamente e pela primeira vez tivemos um governo direcionado não aos 20 milhões de pessoas que compunham as Classes A e B, mas sim a todas as frações de renda. Políticas como o Bolsa Família (tema do post do próximo sábado), o ProUni, a diminuição gradual dos juros, o fortalecimento da Petrobras e o crescimento do crédito empreenderam uma revolução na estrutura econômica do Brasil, embora reste ainda muito a ser feito.

Como reflexo destas políticas de promoção de emprego e renda e do crescimento econômico, as Classes E e D diminuíram consideravelmente e as Classes C e B aumentaram em proporção semelhante. A estratégia de desenvolvimento de um mercado interno de massas e da diversificação dos parceiros comerciais empreendeu novas oportunidades para os empresários do setor produtivo.

Onde quero chegar? A oposição ficou sem discurso.

Como o próprio Presidente Lula afirmou em entrevista que reproduzi no domingo, a situação da oposição é muito semelhante à vivida por ele, Lula, nas eleições de 1994. Com o Plano Real recém-implantado, era evidente que a popularidade do governo era alta e acabou-se por eleger o candidato da continuidade, Fernando Henrique Cardoso - que empreendeu uma política de desnacionalização, concentração de renda e arrocho salarial jamais vista.

Restou a Serra apelar para o discurso do "denuncismo" vazio, em dobradinha com os donos dos grandes meios de jornalismo de massa - que tiveram privilégios diminuídos a partir do momento em que as verbas publicitárias do governo passaram a ser descentralizadas. Entretanto, como contei aqui este é um tipo de discurso que não resiste a um exame mais apurado - basta se lembrar do tesoureiro do próprio candidato, que sumiu com R$ 4 milhões da campanha direcionados ao Caixa Dois.

Nos últimos dias temos assistido a uma escalada de denúncias midiáticas contra a candidata Dilma Roussef. Verdadeiras ou não, tem o objetivo de assustar a opinião pública e manter a candidata na defensiva a fim de forçar a realização de um segundo turno ou, em último caso, fazer uma "dobradinha" com setores do Judiciário - "aparelhado" pela oposição faz tempo - a fim de empreender um "golpe branco" e impedir a posse da candidata.

Por outro lado, vemos setores da imprensa defendendo abertamente que se impeça a posse de Dilma Roussef, na velha linha golpista de Carlos Lacerda de que "não pode ser candidata, se for não pode ganhar, se ganhar não pode tomar posse, se tomar posse não pode governar.” Concomitantemente o candidato tucano vem conversando abertamente com setores mais reacionários das Forças Armadas, claramente "sentindo o ambiente" para uma eventual ruptura da ordem democrática.

É sintomático o comportamento do candidato da oposição e em especial de representantes da velha imprensa e das elites empresariais no sentido de que "Lula e o PT ameaçam a liberdade de imprensa e darão um golpe de estado autoritário". Claramente me lembra aquela história do batedor de carteira que grita "pega ladrão" para desviar a atenção - mas o ladrão é ele.

Se realmente o governo atual fosse contra a liberdade de imprensa, a campanha fratricida e abertamente golpista empreendida ultimamente já teria sido coibida. Publicou-se um livro que chamava o presidente de "anta' na capa, e o cabível processo não foi aberto. Lula poderia ter rasgado a Constituição e concorrido a um novo mandato - como fez Fernando Henrique na década de noventa. Mas respeita o jogo democrático.

A questão é simples. A oposição não tem voto. Então necessita dividir o país e criar um clima falso de intranquilidade de forma a fazer exatamente a mesma coisa feita em 1964: tomar na marra o que não consegue democraticamente. Apelou, também, para o denuncismo vazio e para mentiras. Todo dia vejo nas capas dos jornais e recebo em meu e-mail "spams" com os mais diversos absurdos, como por exmeplo que o Governo Dilma irá proibir a religião.

Obviamente, denúncias que tenham fundamento - e algumas têm, embora não sejam a maioria - precisam ser apuradas. Entretanto fica claro o uso político-eleitoral destas quando se percebe que escândalos como o da governadora do Rio Grande do Sul - que "grampeou" até seus adversários nas eleições - ou o caso dos R$ 4 milhões não aparecem no Jornal Nacional. Ressalto que boa parte desta oposição midiática decorre do fato de se temer a abertura do mercado de comunicações às empresas estrangeiras - um curioso caso de incoerência, haja visto que defendem ardorosamente a abertura total do país aos produtos estrangeiros e a desindustrialização do país.

Não posso também deixar de comentar a raiva, movida por puro preconceito, de setores elitistas mais antigos do país. Muita gente fechada em seu mundinho não concebe que o pobre tenha direito a fazer seu supermercado todo mês, andar de avião, ter um salário melhor... Penso que influencia nesta raiva o fato de estarem mais caros os serviços de empregadas domésticas, diaristas e assemelhados, alta motivada pelo aumento de empregos e da instrução.

Diferentemente de 1964, desta vez temos um empresariado satisfeito com o governo, uma economia em ordem e não existem tensões aparentes nas Forças Armadas. Entretanto, me parece bastante provável que algum tipo de ruptura democrática, seja pela via judicial (mais provável), seja pela quartelada (o que não acredito pessoalmente) possa ser tentado.

O apelo que eu faço é que a normalidade democrática seja respeitada e que, se possível, que a grande imprensa volte a seu papel de simplesmente informar, sem se comportar como um partido político. E que a oposição se reaglutine em um projeto propositivo e não simplesmente denuncista/golpista.


Tempo Bom não Volta Mais



Sábado passado, acompanhando mais um "serão" noturno da Ana Luisa - minha filhota mais nova, de três aninhos - capturei no canal "Cartoon Network" uma hora de desenhos animados de Tom e Jerry, já no início da madrugada.

Eram desenhos das antigas, das décadas de 50 e 60 - originalmente, a criação dos inesquecíveis William Hanna e Joseph Barbera é de 1940. Eram os mesmos que haviam embalado a minha infância entre o final da década de setenta e o início dos anos oitenta. Era exatamente o humor politicamente incorreto, violento e divertidíssimo que fez a série conquistar milhões de fãs em todo o mundo.

Vendo os desenhos, percebo como o mundo para as crianças de hoje é muito mais chato e enfadonho. Os desenhos atuais considerados "de sucesso" são de um histrionismo e de um tom "politicamente correto" que chegam a assustar. É sempre aquele heroísmo forçado, consumista e que entrega como modelo apologético à criançada um personagem de características irreproduzíveis na vida real, de carne e osso.

As animações das gerações anteriores não teriam a menor chance de serem produzidos hoje. O próprio "Tom e Jerry" possui uma série de episódios recentes - disponível em DVD e no mesmo Cartoon Network - excepcionalmente mantendo, embora atenuadas, características originais - e consideradas como "fora de moda" hoje. Outros personagens não tiveram a mesma sorte: a série recente do "Pica Pau" disponível é um pastiche do riquíssimo e engraçado desenho original. Ao ser "adaptado" para os "tempos modernos" perdeu totalmente sua alma.

Aliás, um adendo: como já escrevi em diversas outras ocasiões, esta postura "politicamente correta" não só está acabando com a infância quanto tornando a vida adulta terrivelmente chata. A ponto de me surpreender com minhas filhas cantando uma versão adaptada de "Atirei o Pau no Gato", que dizia mais ou menos que "ele é nosso amigo e temos de cuidar dos animais". Particularmente, acho deplorável.

Criam-se robôs aculturados e que aprendem desde cedo aquela cantilena que não passa de um verniz de hipocrisia sobre um mundo onde cada vez mais as pessoas são aéticas, maldosas e egoístas. Aí fica aquele negócio de ser politicamente correto para dar uma amenizada na consciência coletiva do indivíduo, mas na prática o que se vê é um gigantesco mar de hipócritas.

Voltando ao tema deste post, a situação chega ao absurdo de, antes de cada desenho, o canal em questão apresentar a mensagem "o conteúdo deste programa foi editado para atender ao público esperado para o horário". Ou seja, em português claro: autocensura. A idéia é moldar, padronizar, "bovinizar" e reproduzir um comportamento hipócrita onde "respeitamos todos", mas não hesitamos em pisar na cabeça de quem está em nosso caminho.

Ou seja, nossos filhos não terão a alegria que tínhamos em ver um "Tom e Jerry", um "Pica Pau", um "Manda Chuva", um "Scooby Doo", um "Zé Colméia", um "Tamanduá e a Formiga" e muitos outros. O leitor pode argumentar com coisas do tipo "ah, é violento" ou "que estimula a maldade", mas se fosse assim muito provavelmente eu seria um crápula. O que importa é se ter a educação familiar e trazer princípios da ética, da honestidade e da bondade - algo cada vez mais em falta na sociedade hoje.

Hoje não se vê mais a criançada jogando bola, soltando pipa, brincando de amarelinha, pique ou esconde-esconde. Fabricam-se pequenos adultos, conectados, que têm obrigações que não tínhamos, seguir comportamentos que não são próprios. A sociedade ensina a falsidade e o "não se comprometer" desde cedo. Brincar é proibido, ser livre é proibido, viver é proibido.

De certa forma, confunde-se diversão com vida real, com coisa séria. O curioso é que fazem este patrulhamento todo com desenhos, cantigas de roda e coisas afins, mas não se vê a mesma diligência com as telenovelas, que, como afirmei em texto anterior, são um verdadeiro manual de mau caratismo.

Só nos resta saudar que, ainda no início da madrugada, possamos mostrar aos mais novos a graça que tinham estes desenhos. Pelo menos por enquanto, sem cortes. Mas os comerciais, que em minha opinião deveriam ser proibidos em canais infantis, continuam lá. Não é uma sociedade hipócrita ?

Tempo bom, lelê, não volta mais...

P.S. - Sugiro aos meus 79 leitores que parem sete minutinhos e vejam o vídeo acima. Garantia de boas risadas.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Formaturas, Batizados e Afins: "Quantos Prêmios Nobel o Brasil Tem?"


Mais uma quarta feira e mais um exemplar da coluna "Formaturas, Batizados e Afins", assinada pelo Professor de Biofísica Marcelo Einicker Lamas. O tema de hoje é a primeira parte de uma coluna sobre o Prêmio Nobel, que deve ter os vencedores em sua versão 2010 anunciados proximamente.

Consideraria que o Presidente Lula possui chances bastante representativas de ser agraciado com o Nobel da Paz este ano, pelos esforços na redução da pobreza e na promoção da paz.

Vamos ao texto, que terá sua segunda parte publicada na coluna do dia 06 de Outubro.

"Quantos Prêmios Nobel o Brasil tem?

Caros amigos,

Ainda embalado pelo centenário de Carlos Chagas Filho (tema de nossa última coluna), e aproveitando um assunto comentado pelo amigo Pedro Migão em troca de e-mails trago hoje este tema que, aposto, a ampla maioria de nossa população sequer sabe do que se trata.

Brasileiro dá importância para ganhar a Copa do Mundo, a Copa América, medalha de ouro em Olimpíada...até para ver o Oscar – prêmio máximo do cinema - muita gente ficou acordado até de madrugada torcendo para “Central do Brasil” e para Fernanda Montenegro. Sabemos que o Brasil é Pentacampeão Mundial de Futebol...sabemos que Ayrton Senna, Nélson Piquet e Emerson Fittipaldi foram campeões na Fórmula 1...mas, o que sabemos de Brasileiros e o Prêmio Nobel??

Alguém sabe responder a pergunta que dá título para a nossa coluna quinzenal? Alguém sabe o que é, e o que representa o Prêmio Nobel? Vamos buscar na história não apenas a origem desta importante premiação como também vamos relembrar uma das maiores injustiças já vistas nesse mundo.

O que é o Prêmio Nobel?

Em 1833, nasce na Suécia Alfred Nobel (foto acima), filho de um casal de engenheiros que já vinham de famílias de pesquisadores e inventores importantes naquele século. Nobel foi educado na Rússia e teve grande sucesso em sua vida acadêmica e profissional tornando-se um homem muito rico. Sua riqueza veio de inúmeros inventos e descobertas, algumas célebres como a descoberta da dinamite em 1866. Detentor de mais de 350 patentes, criou empresas e laboratórios em quase 20 países. Também atuou na literatura escrevendo poesias e dramas, o que o fez cogitar se tornar um escritor. Idealista e consciente dos perigos que envolviam os usos indevidos de sua principal invenção sempre apoiou os movimentos em prol da paz.

Dono de um gigantesco império industrial, Nobel deixou, ao falecer em 1896, uma grande fortuna destinada à criação de uma Fundação que deveria financiar, anualmente, cinco grandes prêmios internacionais. Dentre esses prêmios, quatro deveriam destinar-se àqueles que se destacassem em suas descobertas nas áreas da Física, Química, Medicina e Literatura. Seu testamento especificava também um prêmio para quem mais se empenhasse em prol da paz e da amizade entre as nações. Mais tarde, já em 1969, foi criada mais uma categoria para este importante prêmio, a das Ciências Econômicas.

Todos os anos em 10 de dezembro (dia do aniversário da morte de Nobel), desde 1901, ocorre a cerimônia de premiação que é realizada em Oslo, Noruega, e em Estocolmo, Suécia. Várias instituições participam da escolha dos premiados, entre as quais: a Academia Real de Ciências da Suécia para a Física, Química e Economia; a Academia de Literatura da Suécia; e o Comitê Nobel da Noruega, este último responsável pela entrega do Prêmio Nobel da Paz. Anualmente, cada comitê manda convites aos meios científicos de vários países, pedindo-lhes para nomear seus eventuais candidatos. As nomeações são recebidas pelos comitês e, depois de serem estudadas e analisadas por especialistas, são transmitidas às instituições que votam para escolher os vencedores. Os escolhidos recebem uma medalha de ouro com a efígie de Alfred Nobel, gravada com o seu nome, um diploma e um prêmio em dinheiro (da ordem de 1 milhão de dólares). Mais do que qualquer coisa, o escolhido coloca seu nome na história e passa a ser considerado uma referência mundial naquele determinado campo de atuação.

Entretanto, apesar de toda filosofia e idéia de Nobel ser muito bonita e nobre, sabe-se que nem sempre estas decisões são unânimes, e mais ainda, que em alguns casos, grandes injustiças acontecem. É mais ou menos como no caso do Oscar para os filmes, atores, atrizes, diretores, etc. Todos os anos temos algum tipo de inconformismo com as premiações. Claro, com o Nobel também acontecem os inconformismos. Um é bem recente, que foi a escolha de Barack Obama como Prêmio Nobel da Paz em 2009, sem ter ele feito na prática, nada que fosse em direção da paz.

Mas afinal, quantos Prêmios Nobel o Brasil tem?

Para aqueles mais curiosos e interessados no assunto, o site oficial do Prêmio é este: http://nobelprize.org/nobel_prizes/

Aí encontrarão tudo sobre a história e todos os laureados em cada categoria de todos os anos. Aqueles que consultarem estas listas, verão com tristeza que o Brasil não tem nenhum Prêmio Nobel. Seja nas ciências, seja na literatura, seja nas ações de promover a paz mundial, apesar de algumas indicações de brasileiros.

Não vamos comparar o Brasil com os países mais desenvolvidos como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão, França...enfim, mas é estranho saber que nós não temos nenhum prêmio enquanto países de nosso porte, como a Índia, e de porte inferior economicamente falando já tem em seus quadros Nobelistas. Apenas para uma comparação, aproveito a rivalidade no futebol entre Brasil e Argentina. Trazendo a rivalidade para o Prêmio Nobel, o Brasil perde de incríveis 7 x 0 para a Argentina!! Ou seja, nosso “hermanos”, vizinhos da América do Sul, tem 7 nobelistas. E não é só a Argentina. A Colômbia, o Uruguay, o Chile...todos tem seus premiados...mas o Brasil...nada.

E o que há de ruim nisso? Isto reflete uma distorção histórica que meio que determina que no nosso País nada que se faz em uma destas áreas pode ser considerado assunto de ponta. Isso empurra para baixo as Universidades brasileiras no ranking mundial das melhores instituições de ensino, dentre outros aspectos negativos que repercutem com essa falta de um Nobel para o Brasil.

Desde sua primeira edição em 1901 até 2009, 537 prêmios foram concedidos. Em alguns poucos anos, não houve cerimônia de entrega ou não foram divulgados os candidatos e/ou os ganhadores. Este tipo de situação ocorreu por conta das duas grandes guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945, respectivamente), o que pode ser considerada uma causa justa, mas também já ocorreu por outros motivos; contemplados em um item do estatuto do prêmio que diz literalmente: "If none of the works under consideration is found to be of the importance indicated in the first paragraph, the prize money shall be reserved until the following year. If, even then, the prize cannot be awarded, the amount shall be added to the Foundation's restricted funds." Ou seja, dentre os indicados pode acontecer dos membros das Academias que escolhem os vencedores interpretarem que não existe mérito suficiente para esta honraria, e aí simplesmente o prêmio não é concedido. Isto aconteceu em cinquenta ocasiões, de acordo com a lista abaixo:

Física: 1916, 1931, 1934, 1940, 1941, 1942
Química: 1916, 1917, 1919, 1924, 1933, 1940, 1941, 1942
Medicina: 1915, 1916, 1917, 1918, 1921, 1925, 1940, 1941, 1942
Literatura: 1914, 1918, 1935, 1940, 1941, 1942, 1943
Paz: 1914, 1915, 1916, 1917, 1918, 1923, 1924, 1928, 1932, 1939, 1940, 1941, 1942, 1943, 1948, 1955, 1956, 1966, 1967, 1972
Economia: -

Na nossa próxima coluna, darei seguimento a este tema apresentando alguns casos emblemáticos de brasileiros que deveriam ter sido ganhadores do Prêmio Nobel, mas que por motivos as vezes não muito claros, não tiveram em seus curriculuns esta máxima premiação e este merecido reconhecimento.

Até a próxima
Marcelo Einicker Lamas"